A palavra: variações sobre o mesmo tema
O erro da
palavra está em ser exatamente aquilo que é: som. Escrita, deixa de ser
palavra, mas algo que talvez pudesse merecer outro nome. Vocábulo, talvez; mas
também lembra voz, ruído. Melhor deixar palavra mesmo, com seu R rascante,
triturante, incômodo. Porque toda palavra é absolutamente incômoda,
especialmente quando dita sem muito pensar. E não é o que mais faço?
Não deveria. Mas há outra
alternativa? Quatro paredes acolchoadas e uma porta em que o estofamento
esconde o aço. E aqui eu penso: as palavras jorram, já nem sei mais se de minha
boca, ou apenas em minha mente.
Um dia... numa tarde... Sei lá. Li
isso ou apenas lembro de algo que realmente aconteceu. Creio que jamais vou
saber. A não ser que aquela porta se abra e deixe entrar um pouco de ar nesse
casulo. Claustrofóbico, creio que seria exatamente a palavra. Altamente
claustrofóbico. Num dia... uma tarde... Isso volta sempre, e ainda mais quando olho para aquele canto. Nem sei
se direito ou esquerdo, ou qualquer coisa. Algo me prende as mãos. Poderia
arranca-lo com os dentes? Certamente não.
Numa
tarde... um dia. Isso é diferente, faz toda a diferença e o motivo pelo qual
estou preso aqui. Vi, mas as cenas não surgem, só fragmentos de palavras.
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